Entrevista com João Fernandes e Mateus Graffunder do Broken Jazz Society

"O Stoner Rock é um elemento gerador, uma "musa inspiradora"

    Podemos considerar que o Power Trio Broken Jazz Society de Stoner Rock é uma banda recente, pois, sua formação aconteceu no final de 2013 e em julho de 2014, o público já conheceu o seu primeiro lançamento, cujo título foi Tales From Purple Land. Para 2016 foi disponibilizado um EP de nome Gas Station ( confira resenha ), que antecede o próximo álbum de estúdio dos mineiros de Uberaba.

    Para saber mais deste lançamento e dos caminhos que serão percorridos em seu segundo álbum, além de algumas curiosidades sobre a banda, o Rock On Stage em parceria com a Som do Darma conversou com o guitarrista e vocalista Matheus Granffunder e o baixista João Fernandes, cujas opiniões você pode conferir nas linhas abaixo.

Rock On Stage: Vocês divulgaram recentemente que já vão iniciar as gravações do novo disco do Broken Jazz Society no Rock Lab em Goiânia a partir de janeiro de 2017. Como está a expectativa para entrar em estúdio? O sucesso de crítica de "Gas Station" exerce alguma pressão?
João Fernandes:
Estamos super ansiosos para entrar em estúdio, ainda por cima ao lado de um profissional tão respeitado e consagrado, como o Gustavo Vasquez, do Rock Lab. Acreditamos que o que mais exerce pressão em nosso trabalho somos nós mesmos. Para nós, melhorar a cada dia é um fator fundamental, além de uma obrigação para com todos que acompanham e apoiam nosso trabalho, independente das críticas positivas de Gas Station.



Rock On Stage: Ao comparar "Gas Station" e o primeiro full lenght, o "Tales From The Purple Land", vocês disseram que o EP soava menos 'lo-fi' e mais centrado nas guitarras. O que poderiam adiantar sobre a sonoridade do novo disco em comparação ao "Gas Station", que tornou a banda conhecida?
João Fernandes: Será um trabalho com referências mais plurais e mais experimental, em vários aspectos. Acreditamos que o grande entrosamento que conseguimos neste tempo de estrada contribuiu demais na sonoridade do novo álbum. 

Rock On Stage: Não quero soar inadequado e perguntar demais, mas, em termos de letras, é possível também adiantar sobre quais temas vocês estarão abordando no novo álbum? Algum assunto que dialogue com a contemporaneidade?
João Fernandes: Podemos adiantar que será um álbum com letras bem pessoais, que entram bem a fundo em assuntos delicados do cotidiano, que acreditamos que os ouvintes compartilharão e se identificarão.

Rock On Stage: O 'BJS' se considera uma banda de Stoner Rock. Quando lembramos nos principais nomes desse estilo, como Kyuss, Fu Manchu, Nebula, Sleep e comparamos com o som do BJS, nada, ou quase nada, tem de semelhante. Mesmo se os compararmos aos grandes percussores dos anos 70 como Black Sabbath, Blue Cheer ou o Led Zeppelin, é difícil encontrar referencias que associem o Stoner convencionalmente conhecido desse feito pelo BJS. A que vocês atribuem a isso?
João Fernandes: Sempre buscamos algo novo. O Stoner Rock é um elemento gerador, uma "musa inspiradora". Procuramos não nos prender, para não nos limitarmos. São tantas influências e tantas referências, que fica difícil não experimentar. Estes fatores, somados ao amadurecimento da banda, fazem com que, cada vez mais, tomemos rumos diferentes, para sair do "mais do mesmo". Arriscar-se faz parte!

Rock On Stage: Falando em referencias, o que vocês têm ouvido ultimamente? Vi uma postagem no Facebook do 'BJS' com a lista dos 5 Melhores Álbuns de 2016, segundo o baixista João Fernandes, e entre os álbuns estava o novo do Darkthrone, o "Arctic Thunder", sem contar que ele usava uma camiseta do Mayhem. Será que algum dia poderemos ouvir elementos de Black Metal no som do BJS? :)
João Fernandes: Ouvimos de tudo. Acreditamos que música boa, independente de gênero, é para ser apreciada e absorvida. Tem muita coisa nesse álbum, especialmente nos baixos, que foi sim, influenciada por vertentes mais extremas, como o Black Metal, por exemplo, especialmente no que se refere a timbres e texturas. Não existem restrições. O importante é o produto final.

Rock On Stage: Entre os lançamentos mais comentados do ano está o "Hardwired... To Self-Destruct", do Metallica. O que vocês acharam do disco, primeiramente? Segundo, se analisarmos os trabalhos de estúdio mais recentes de bandas como Metallica, Iron Maiden, Black Sabbath, AC/DC, Guns'n'Roses, etc., esses discos não são tão relevantes quanto seus trabalhos clássicos que os lançaram ao estrelato. Mesmo assim, lançando disco razoáveis ( ou não ), essas bandas clássicas continuam ocupando o topo do mercado. Isso quer dizer que a genialidade dos discos clássicos dessas bandas é imbatível ( até para elas próprias ) ou que as bandas novas não estão sendo tão relevantes? Se considerarmos que obras como "Kill Em All", "The Number Of The Beast" ou "Appetite For Destruction" são imbatíveis, isso quer dizer que uma banda nova que se lance ao mercado deve perpetuamente se contentar com um posto de coadjuvante do Rock 'n' Roll? E isso faz sentido, artisticamente?
Mateus Graffunder: Não acho que isso faça sentido artisticamente. O mercado musical mudou totalmente da época em que esses clássicos foram lançados, e, consequentemente, a forma de consumir música também. A chegada da Internet, das redes sociais, transformou o meio musical. Hoje em dia, as bandas estão muito mais próximas de seus fãs, e isso muda a forma de se tornar relevante, que não é mais medida pela quantidade de discos vendidos. Quanto ao disco novo do Metallica, ainda não ouvi ( risos ). Mas pretendo!

Rock On Stage: Falando em relevância artística, de que forma vocês acham que a música do Broken Jazz Society é relevante? Quais seriam os seus principais argumentos para convencer alguém que ainda não os conheça a ouvir o som da banda?
Mateus Granffunder:
Acho que o fato de não ser mais do mesmo é o principal argumento nessa questão, não ser apenas mais uma banda dissecando riffs de ( Tony ) Iommi, ou tentando criar apenas aquele clima de deserto... A nossa busca por novas sonoridades, e misturas sem preconceitos, faz do som do Broken Jazz Society algo novo e atrativo para os que não conhecem o som da banda

Rock On Stage: OK, vamos tornar a entrevista mais descontraída novamente. :)
A grande maioria das bandas tem produzido suas próprias cervejas. O consumo de cervejas especiais é bem alto entre fãs de Rock e tem tudo a ver com esse estilo de som, além de significar mais um item que a banda pode comercializar. Vocês pensam em produzir a cerveja do BJS? Que tipo seria? Aliás, vocês gostam de cerveja? Quais são seus tipos e estilos preferidos?
Mateus Granffunder:
Com certeza é algo que nos faria muito felizes ( risos ). Eu, particularmente, sou apaixonado por cerveja, de todos os tipos, mas minhas favoritas são as escuras, Porter, Dunkel, Stout, Rauchbier. Se tivermos a oportunidade de desenvolver nossa cerveja, com certeza ela será diretamente ligada ao nosso som: escura, forte e com um pitada mineira de pimenta!

Rock On Stage: Estamos encerrando 2016. Foi um ano bom para o Broken Jazz Society? E o que esperar para 2017?
Mateus Granffunder:
O ano de 2016 foi excelente para nós. Aproveitamos ele para nos conhecermos melhor, experimentar novos elementos nos sons, afinações, timbres, ritmos.

    Tivemos bastante tempo e liberdade para preparar o próximo disco, com uma pré-produção bem trabalhada e extensa, e fechar o ano com uma tour passando por três estados não foi nada mal também. Nossa expectativa para 2017 é de muito trabalho, começar o ano em estúdio e em seguida rodar o maior número de cidades e festivais "botando na rua" nosso disco.

Rock On Stage: A palavra agora é da banda. Ao invés de deixar uma mensagem dessas padrões, convidando as pessoas para acessar o site e mídias sociais da banda - vamos listar esses endereços ao fim da entrevista - gostaríamos que vocês deixassem uma mensagem que realmente pudesse acrescentar algo para quem estiver lendo. Sobre qualquer assunto. Política, existencialismo, uma receita de um rango bom, religião, esportes, viagem, cultura, arte. :)
Mateus Granffunder:
Esse clima de fim de ano gera muitas filosofias e reflexões sobre o ano que passamos, e o que está por vir. É hora de arregaçar as mangas e executar mais o "do it yourself" e falar menos. Tem muita coisa boa surgindo desse jeito, bandas, produtores, festivais, empresas, movimentos, e isso é lindo. Vamos pra cima, que é tudo da lei, como já dizia Raulzito.

Mais Informações: www.brokenjazzsociety.com; www.facebook.com/brokenjazzsociety; www.soundcloud.com/broken-jazz-society; www.instagram.com/brokenjazzsociety; www.youtube.com/user/brokenjazzsociety e www.twitter.com/official_bjs.

Por Rock On Stage e Som do Darma
Agradecimentos a Susi dos Santos - Som do Darma
Dezembro/2016

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