Entrevista com Douglas Jen do SupreMa

   Em 2004, o nome do SupreMa veio à tona no cenário Heavy Metal com o EP Spyeyes ( leia resenha ), depois com o passar dos anos a banda de Power/Progressive Metal foi ganhando cada vez mais espaço, e seu último lançamento é o álbum Traumatic Scenes, motivo pelo qual o Rock On Stage conversou com exclusividade com o guitarrista Douglas Jen. No bate papo que você poderá conferir logo abaixo, foram abordados temas como a origem do SupreMa e suas influências, as gravações do álbum Traumatic Scenes, shows pelo nordeste, a polêmica que muitas bandas pagam para tocar e muito mais. Confira os detalhes logo abaixo.

Rock On Stage: Uma pergunta que considero sempre básica, porém, nem todos conhecem o início do SupreMa. Como foi o inicio da banda e quais suas influências? E como foi a escolha do nome?
Douglas Jen:
Olá internautas do Rock On Stage! O início da banda foi o mesmo de todas, onde você junta um grupo de amigos para tocar e se divertir até que a coisa começou a ficar realmente séria. As influências são as mais variadas, mas em comum são essencialmente e Progressivo e o Thrash. Com relação ao nome da banda, eu queria um nome em português para homenagear a nossa língua e que também fosse entendido facilmente pelos gringos. Queria soar algo grandioso e encontrei o nome perfeito para expressar isso.

Rock On Stage: Como foram as gravações de seu último lançamento “Traumatic Scenes” e como vê esse lançamento em toda a carreira da banda?
Douglas Jen:
As gravações ocorreram em nosso estúdio e também no Barulho Estúdio em São Bernardo do Campo/SP, e por isso conseguimos experimentar muitas coisas, pois gravar em casa nos dava liberdade de acordar super descansado, colocar um chinelo e ir para dentro da sala de gravação, e também ficar até 4h ou 5h da manhã experimentando coisas.

    Este lançamento, vem para expressar tudo o que aprendemos durante 9 anos de banda e de 6 turnês pelo Brasil, tanto em conceito técnico, como em performance e conceito artístico. Temos um disco temático que interage com o cenário que temos, com o jogo de luzes do palco, com a performance dos músicos, capa, etc. Tudo está 'linkado' e conseguimos mostrar também um cd maduro onde o progressivo não soa exagerado, onde a técnica está na música, mas não em primeiro plano.

Rock On Stage: No show junto ao Shadowside, vocês confirmaram Fábio Carito, como novo baixista, compartilhando assim o músico. O que acha que ele agregou a banda e pensa que pelas agendas das bandas poderão ter alguma dificuldade?
Douglas Jen:
O Fábio Carito em primeiro lugar é um cara super alto astral, que abraçou a banda e a química no palco e também no trato pessoal tem sido bem divertido! Damos muitas risadas na estrada e nos ensaios e isso foi um elemento essencial para que rolasse o convite. Falando agora em musicalidade, ele é um cara maduro e bem profissional, faz a lição de casa e chega com tudo na ponta dos dedos. Ao vivo a performance dele tem sido ótima, presença de palco e coreografia se encaixou desde o primeiro show e estamos bem satisfeitos com ele na banda.

   Sobre a agenda com o Shadowside, isso foi bem conversado entre as bandas, inclusive temos a mesma agência de booking, a Furia Music, e estamos sendo bem atenciosos para não cruzar compromissos, pois ambas as bandas tem uma carga pesada de compromissos como ensaios, entrevistas, tours, performances ao vivo em TV, etc... Mas, sempre conseguimos agendar tudo para que não atrapalhe agenda de ninguém. Isso também facilita bastante quando as duas bandas estão tocando juntas na estrada.

Rock On Stage: Vocês tocam bem mais no Norte/Nordeste do que praticamente tocam no eixo Rio-São Paulo, existe alguma razão para isso ou simplesmente aconteceu? E como é a cena metálica no Brasil como um todo?
Douglas Jen:
O Nordeste nos acolheu e hoje somos uma das bandas que mais viaja para aquela região. Eu adoro lá, o público nos trata de uma tal maneira que parece que somos do Nordeste. Eu acho super engraçado quando recebo emails de amigos e produtores que me escrevem assim: “Hey, você vai estar no show tal banda este final de semana em Recife?”, parece que moro por lá e vou apenas pegar meu carro e ir assistir tal show! ( risos ).

    Foi incrível fazer nossa última tour em 2012 levando toda estrutura da banda e viajando 8.000km de van! O público é insano, compra cd, bate cabeça, canta sua música e fica até o final para trocar ideia, bater foto com a banda. Tocar no Nordeste é sempre especial. Falando da cena no Brasil todo, todos conhecem os eixos de shows e também as rotas internacionais, creio que o Brasil é um dos melhores públicos do mundo!

Rock On Stage: Como está sendo a divulgação do Traumatic Scenes pela gravadora? E como está a repercussão?
Douglas Jen:
Está incrível! Temos recebido ótimas resenhas de sites europeus, a mídia toda tem gostado bastante do trabalho. Os fãs estão falando muito bem e temos recebido ótimos comentários. Logo mais teremos músicas nas rádios e temos pensado muito sobre uma tour. A nossa gravadora nos dá um suporte grande e também temos bastante liberdade de sugerir ideias.

Rock On Stage: Hoje em dia as redes sociais, atualmente Facebook e Soundcloud, quase que mandatórios as bandas, como o SupreMa trabalha com isso?
Douglas Jen:
O SupreMa está sempre antenado e atualizado nas novas mídias e trabalha bem nesta parte. Galera reclama de pirataria e download, porém, não se mexe para se atualizar às novas tendências de mercado. O SupreMa ficou duas semanas em 2º no chart brasileiro do Reverbnation à frente de tantos nomes consagrados, chegamos recentemente aos 11.000 fãs no Facebook e 67.000 visualizações no vídeo clipe da Nightmare. Temos recebido um feedback maravilhoso! Recentemente também lançamos um aplicativo para aparelhos com plataforma Android e a galera está curtindo bastante! ( para baixar: http://www.reverbnation.com/suprema/app ).

Rock On Stage: No Brasil é muito comum as bandas de abertura terem que pagar para participar do evento, ou de um show de uma banda grande, que chamamos de Pay-to-play, como o SupreMa vê isso, se já fizeram ou receberam esse tipo de proposta?
Douglas Jen:
Sei que talvez esta minha resposta gere uma baita polêmica de quem não entende muito do mercado, ou ainda tem aquele sonho de “ai Meu Deus, minha banda, meu talento, meus princípios...”, e provavelmente muita gente não vai ter paciência de ler até o final e entender algumas verdades... Não só nós, mas todos que trabalham sério com música sabemos que música é um mercado, é negócio, gera receitas, despesas, lucros, finanças... É Business, tem empresários envolvidos, produtos, publicidade, produção.

    Quem acha isso um “absurdo” é porque deve ser aventureiro, ou está se divertindo com música... Sou contra pagar para tocar em eventos grandes onde o contratante, com certeza, já terá suas despesas pagas, e só quer tirar um “troco a mais” da banda de abertura, isso sou completamente contra. Mas, não vejo problema algum, por exemplo, do contratante fazer a banda de abertura vender um cota de ingressos ou contribuir de alguma forma para o evento como fazendo assessoria ou “emprestando” equipe técnica.

    Aí virá gente dizendo “ter que vender ingressos não é justo”, mas na boa, se sua banda não consegue levar 100 pessoas/fãs para um show, qual a razão lógica de você merecer estar ali? Se você não está preparado, não tem um público, o que acrescentaria no evento? Seria uma banda a mais para dar custo para o show, mais aluguel de equipamento, equipe técnica fica mais cara, etc, etc...

    Ou seja, cobrar das bandas só para ganhar nas costas, sou contra, mas fazer a banda trabalhar para merecer estar ali, sou completamente a favor. Se precisar ajudar no que for no evento, quem ganha é a própria banda, que está abrindo, pois vai tocar para um público grande que ela não tem, num som de qualidade, que muitas vezes ela nunca tocou, estar nos cartazes e nas notas de imprensa que ela não tem alcance, e assim todos poderem conhecer seu trabalho.

   Muitas bandas de abertura não tem seus próprios 'amps' e baterias e ainda exigem que contratantes gastem mais dinheiro para tê-las no evento... É questão de bom senso. O SupreMa nunca teve que pagar para tocar, e quando tivemos convites para aberturas, ajudamos de outras formas como nossa assessoria de imprensa trabalhando de graça para o evento, ou nossa produtora trabalhando na produção para deixar tudo redondo.

    Temos nosso próprio equipamento, nunca demos trabalho a contratante, levamos nosso técnico, nossos roadies, nosso iluminador, e se tivermos uma abertura internacional de respeito, temos toda equipe e estrutura para fazer um belo show e não atrapalhar em nada a atração principal. Pessoal deveria se estruturar mais com relação a isso, e saber que muita porta é aberta com ralação, nada cairá do céu, e você não vai ter 3.000 fãs do dia pra noite gritando seu nome na grade do palco.

 Rock On Stage: O que representa a capa do novo álbum? Como surgiu a ideia do relógio anti-horário e quem o fabrica?
Douglas Jen:
Sou adepto de surrealismo e sempre gostei de desenhos e formas deste movimento artístico. O surrealismo é uma porta para o infinito onde você pode entender de diversas formas, dependendo de seu estado de espírito. A capa sugere a personagem presa em uma sala representando o caos interno que ela vive, e à frente dela, a porta para o infinito.

    Ela se vê em um quadro insano e distorcido, e sobre a porta um relógio que gira no sentido anti-horário relatando a corrida contra o tempo que a história narra. No palco temos um relógio cenográfico, mas temos um relógio de mesa que vendemos em nossa loja e ele gira no sentido anti-horário. Conseguimos adaptar junto a um fabricante de SP, e vendemos nos shows e pelo site da banda ( https://suprema.bigcartel.com ). Temos agora uma ideia também de relógios de parede e de pulso, a galera tem curtido mais esta insanidade da banda!

Rock On Stage: O que mudariam no Heavy Metal hoje?
Douglas Jen:
Sinceramente, a cabeça de alguns produtores de shows. Ainda falta muito respeito de um pessoal com as bandas, não se preocupam em colocar um som bom, uma luz decente, um hotel confortável... As bandas não precisam de luxo, apenas de condições mínimas para fazer um trabalho decente.

    De alguns anos para cá temos conseguido boas estruturas para o SupreMa e temos sido bem tratados pelos produtores, mas, ainda ouvimos e vemos histórias absurdas de falta de respeito com os artistas e com os fãs. Este meio de produção precisa de uma profissionalização urgente! Mas claro, isso não é geral, tem muita gente sabendo o que faz e tem algumas produtoras bem sérias e festivais que sempre dá gosto de tocar!

Rock On Stage: Vocês são uma banda pronta para o exterior, existe a ideia de fazer alguma turnê pela America Latina, America do Norte ou Europa?
Douglas Jen:
No momento estamos na promoção do cd pelo exterior e queremos fazer algo em breve. Estamos ansiosos para voltar a cidades que passamos nas tours anteriores e levar toda estrutura da banda para os shows, novo cenário, novo show, luz, produção de ponta! Temos agentes na América do Sul que estão pensando em shows por lá, e pela ótima repercussão na Europa estamos pensando em algo também, mas ainda está no papel.

Rock On Stage: Qual o plano atual e os próximos passos da banda?
Douglas Jen:
Atualmente estamos lançando o nosso segundo vídeo clipe. O clipe da “Fury and Rage” é a coisa mais insana que fizemos na carreira, tanto na questão de roteiro quanto na edição, tudo é muito rápido em uma história eletrizante e você não pode piscar um segundo sequer! Fizemos um trabalho bem cuidadoso afinal é a maior produção que o SupreMa já fez em toda carreira! Estamos trabalhando com a Nevasca Filmes, que é uma gabaritada produtora que trabalha com inúmeros artistas e empresas mainstream como Naldo Benny, João Neto e Frederico, Rick Bonadio, Micael Borges, Manu Gavassi, The Vampire Diaries ( RTA Global ) e também já trabalharam na produção do programa Pânico na TV ( RedeTV e Band ).

    Tivemos cuidado com cada parte da produção desde as locações, maquiagem, figurino, escolha da atriz e os equipamentos de filmagem. As locações são incríveis e as filmagens ficaram animais! A atriz selecionada foi a Mayra Moura, que fez uma interpretação impecável da personagem “Serena”, tanto em seu lado cotidiano quando em seu lado possuído.

  Liberamos esta semana um making of e uma sinopse do “clipe/filme” que podem ser acompanhados nos links à seguir:
Sinopse: http://furiamusicnews.blogspot.com.br/2014/02/suprema-libera-sinopse-e-video-do.html.
Vídeo – Making Of: http://www.youtube.com/watch?v=NjMXw1baJLc.
O lançamento oficial será dia 25 de fevereiro e estará no site da banda www.suprema-online.com e também no canal no Youtube www.youtube.com/suprematv.
Os próximos passos são com relação aos 10 anos de SupreMa, estamos preparando algumas surpresas em comemoração dos 10 anos e divulgaremos muito em breve.

 

Rock On Stage: Muito Obrigado pela entrevista e sinta-se livre para enviar uma mensagem a seus fãs.
Douglas Jen:
Obrigado galera pelo espaço cedido, são sites como este que fazem a cena se manter viva. Vou deixar os contatos da banda, o site é o www.suprema-online.com e para shows os produtores devem falar com a Furia Music através do email contato@furiamusic.com.br.  Nos vemos na estrada, muito em breve, valeu!

Por Marcos César de Almeida
Abril/2014

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